quarta-feira, 23 de abril de 2008

Apenas uma hora!

Escreva sobre a primeira coisa que te vier à cabeça.
Se os temas forem recorrentes, repetitivos, só comprovaremos o objeto das tuas obsessões.
Uma hora por dia. Se você conseguir sustentar a escrita durante uma hora todos os dias durante uma semana, conseguirá persistir por mais uma. E mais uma. Dá insistência perpetrar-se-á o hábito.
Torne essa hora santa e sagrada. Mais importante do que as orações matinais. Mais importante do que escovar os dentes após as refeições. Mais importante do que as sessões de desenhos dominicais.
Este hábito pode tornar-se o teu sustento e a fonte de criatividade que contribuirá para a insurreição de uma nova era.
É curioso o quanto subestimamos nossos talentos. Estas palavras bem colocadas, elevadas à potência das inúmeras pessoas que poderão predizê-las, significarão mudanças para toda humanidade. Mas, principalmente, mudanças na tua personalidade, na tua forma de ser, na tua vida.
Não se menospreze. Tacanho esse costume de nosso povo de minar a auto-estima comparando-se a alheios. De se privar das delícias de uma vida espontânea quando não se alcança as metas de sonhos insossos. De negar-se aventuras em troca da caça de sensações planejadas, idealizadas.
Portanto, atendendo aos apelos de minha alma, escrevo e revelo o mistério dos meus universos mentais.
E preciso começar comentando exatamente essa sensação de que falei a pouco: o menosprezo de nossos talentos.
Como posso negar ao mundo o apocalipse das idéias que me ocorrem, temendo um fracasso estranho prenunciado por uma bola de cristal rachada. Imagens opacas de meu medo infundado.
“Não vai dar certo. Como você vai publicar? Quem vai ler? O que vai te sustentar”
Nos meus ideais insanos já estou lá no programa do Jô, divulgando livros, filmes e outros trabalhos. É um sonho que sonho ser realizado. Esses mesmos ideais me cobram das possibilidades: “Como é que eu vou fazer tudo isso?!? Como é que vai ser o final?”
Como posso saber o final do livro que estou escrevendo se não começá-lo algum dia?
É uma ansiedade que quer ter-me ao alto do pódio antes mesmo de fazer a corrida.
E com sabedoria de alma que me aconselho à calma. Fazer de tudo, mas com passos de bebê.
O que posso fazer hoje. E só hoje.
Só hoje estou escrevendo, pelo intervalo de uma hora. Está hora é sagrada e nela me vejo ao espelho.
Estou diferente e mais maduro porque cumpri uma meta. Com passos de bebê durante uma hora revelei um mistério. Já estou diferente de quando comecei.
Para quem vir a ler este encanto, podem se passar poucos segundos. Quem sabe mais de um minuto. Haverão aqueles que aqui se reterão por mais de hora. Mas tudo que escrevi hoje iniciou-se do nada. E escrevi durante uma hora.