segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Minhas Férias

Quando era pequeno, todo retorno às aulas era acompanhado por uma redação com o título acima. Até hoje creio que professores estressados cobram o mesmo tema.

Tive 15 dias de férias e uma semana em Arraial d’Ajuda (BA) que foi quase o equivalente a um mês de aventura. Há certos lugares da Bahia que, quando visitados em estado de espírito favorável, funcionam como um portal para o paraíso. E assim me senti.

A começar por minha proposta inicial, de uma jornada quase iniciática, só, munido apenas de um exemplar de sebo do Consciência Cósmica, minha câmera fotográfica e meu diário de viagens.

Tive a sorte de um quarto sossegado na modesta e quase familiar Pousada do Xão. Nos primeiros dias aventurei-me a pé pela orla, primeiro até a praia do Taipe, nas falésias ao norte, e depois na ponta da praia, Apagafogo, ao sul. Creio que a caminhada na areia fez bem aos meus pés. A paisagem e a solidão alimentaram-me o espírito.

Os passeios oferecidos pelas companhias de turismo são os mesmo de quem se hospeda em Porto Seguro. Já tinha feito quase todos numa outra viagem ao distrito mais agitado, há uns seis anos. Optei por uma única aventura na praia do Espelho pela Fascinio Tur. Uma praia deserta onde um pequeno rio cristalino se encontra com as águas do mar.

Quando criança, fui surpreendido certa vez por algo marrom me perseguindo nas águas da Praia Grande. Desta vez, durante um mergulho na praia do Espelho, notei algo marrom e oval ao me lado. Pensei ser uma casca de arvore, quando de repente surgiu uma cabecinha marrom, com uma circunferência branca ao redor dos olhos. Uma mágica tartaruga marinha que me espiou e retornou aos seus afazeres no reino dos mares. Senti-me abençoado.

Em Arraial existe uma charmosa rua repleta de restaurantes. A rua do Mucugê tem opções para todos os gostos, sorveterias, casas com música ao vivo. A maioria chefiada por gente de fora. Os preços são relativamente caros, mas não absurdos. Porém, certa noite, perambulando pelo centro do distrito, deparei-me com um modesto restaurante chamado PF do Paulo Pescador. Apenas R$20,00 reais o prato, pagamento só em dinheiro ou cheque. Mas o tempero caseiro, a comida servida em cumbucas de barro, a simpatia dos proprietários, torna tudo mágico. E ainda havia Cerveja Original, a – 4o C. A chef, Sra. Yonala, e sua filha Nathalia, brindaram-me com uma gostosa conversa ao fim da refeição. Mais uma benção.

Na 5ª feira, como já é tradição na pousada, Sr. Xão organizou um churrasco ao estilo gaúcho para favorecer a interação entre os hóspedes e até alguns locais. Foi quando resolvi sair um pouco da minha proposta de solidão, e conheci pessoas maravilhosas. A começar pelos espirituosos mineiros Dilo e Gilson, uma dupla dinâmica e aventurosa. Conheci também Sr. Sérgio, um autêntico pirata mineiro cuja falta de uma perna jamais o impediu das mais fantásticas epopeias. E também uma família de Atibaia, assíduos frequentadores do saudoso Bar do Alemão, Sra. Denise, o pequeno Pedro, o Fera, e o benzedor Fernando, a quem não se pode dar outro título que se não o de verdadeiro Amigo.

Mas foi na 6ª feira, já as vésperas do fim dessa viajem, que uma força me levou até a cabana zen Flor do Sal, na praia do Pitinga. Conheci o casal de Campinas, Luis e Eliana, e pude estreitar laços com a espontânea tia Margareth e a inesquecível fada Taís. Formou-se um grupo bastante pitoresco, numa paisagem arrebatadora, duma tarde de delícias e uma noite de extraordinárias surpresas.

Não tive vontade de voltar. O clima, a paisagem, as pessoas. Somando-se às revelações de uma leitura elucidativa. Estou transformado. A palavra que me vem à mente para sintetizar tudo é Benção. Sinto-me divinamente abençoado.

Assista no You Tube (antes que censurem).


Meu próximo destino: Porto Alegre !?