quinta-feira, 6 de abril de 2023

Bloodshot e as armadilhas da mente (contém spoilers)

 


Bloodshot (2020)  é uma ficção de super-heróis com muito ação. Estrelado por Vin Diesel, é baseado numa história em quadrinhos de mesmo nome, em que um sujeito é ressuscitado e melhorado com emprego de nanotecnologia, tornando-se um Cyborg (cybernetic organism ou organismo cibernético) .


A primeira parte nos apresenta um enredo fraco e previsível, bastante estereotipado, com destaque exagerado às cenas de ação. O personagem adquire capacidade de regeneração quase instantânea, forças e habilidades que o tornam uma “máquina de matar”, saindo em busca de vingança contra aqueles que tiraram sua vida e assassinaram sua namorada. Porém, com o desenrolar da trama acompanhamos Bloodshot numa incrível descoberta: suas memórias foram implantadas e seus sentidos modificados a partir de simulações para que acredite estar se vingando de seus algozes, mas o soldado está sendo usado repetidas vezes para eliminar diferentes alvos predeterminados por seus mentores, como uma arma semiconsciente manipulada por narrativas fragmentadas.

O personagem de Guy Pearce é a mente distorcida por trás do projeto nefasto. Curiosamente, é o mesmo ator que interpreta o sujeito dissociado em Amnésia  e também a inteligência maquiavélica por trás do falso vilão em Homem deFerro III .

Varias ideias e referencias nos vem a mente, passando pela alegoria da caverna de Platão  até as simulações de realidade do universo Matrix.

É interessante perceber na abordagem do filme como nossa mente é persuasiva, criando realidades mesmo diante de memórias e sentidos distorcidos ou pervertidos. Na vida também existem seres mau intencionados, capazes de tirar proveito das reações imediatas de sobrevivência e de defesa territorial administradas por nosso cérebro instintivo e pelo sistema límbico. Podemos reagir impulsivamente e de forma agressiva diante de meras insinuações, ou apenas para defender crenças e opiniões, como se estivéssemos lutando pela própria existência. Esses impulsos podem ser mortais, pois tratam efetivamente da nossa sobrevivência. Se manipulados com más intenções tornam-se armas à favor do caos. É assim que multidões incitadas podem causar estragos irreparáveis em favor de grupos nefastos. Ou meros debates, como uma discussão no trânsito ou uma exaltação numa conversa trivial, podem resultar em tragédias.

Nossa relação com as realidades é envolvente. Não preciso de um óculos virtual para imergir num mundo virtual. A mente já proporciona essa experiência imersiva, preenchendo lacunas informativas com pressuposições, crenças ou lembranças. A consciência não se expande, mas cresce na direção em que orientamos o foco de nossos sentidos, analogamente ao fototropismo vegetal.

Há que se examinar com minucia que nesse fenômeno botânico a luz inibe o crescimento de algumas células de modo que as células menos expostas à luz continuam crescendo, gerando a curvatura de galhos e caules na direção que menos cresce, na direção da fonte de luz.

Para que você cresça em direção a minha luz, eu preciso inibir a abrangência da tua consciência.

Narrativas são como fontes de luz que não contemplam a verdade como um todo, mas direcionam nossa atenção para apenas alguns de seus aspectos, limitando realidades.

O Demiurgo trabalha desse modo, fragmentando e limitando nosso contato com o Todo, direcionando nossa atenção apenas para aquilo que lhe parece conveniente.

Vivemos uma realidade coletiva a partir da manipulação cultural. O excesso de informação tornou-se o mesmo que informação nenhuma. A falta de referências confiáveis e a incoerência provocam angústia e pânico.

Essa instabilidade costuma ser retratada em romances e filmes de ficção. Em Eles Vivem (John Carpenter, 1988)  mídia e propaganda usam mensagens subliminares para induzir comportamentos, aprisionando a humanidade em crenças e conceitos. É preciso usar óculos especiais para perceber o engodo.



Só questionando os sentidos e expandindo a consciência podemos perceber além. É preciso sair da caverna para ver a luz.

O verdadeiro apocalipse não é coletivo, trata-se de revelação íntima, revolução íntima. Porém as atuais conjunturas são tão absurdas que suas silhuetas se transluzem através do manto das ilusões, tornando esta Era propícia para uma fuga coletiva da caverna fantástica.


Aos que buscam a Verdade

 


 Sinopse:

Muitos conhecem a parábola dos cegos que, sem o saber, foram levados a apalpar um elefante. Cada cego apalpava uma parte do animal, descrevendo suas impressões. O que tocou as patas pensou tratar-se dum rinoceronte. O que tocou a calda chegou a crer que fosse uma serpente. O que tocou a tromba acreditou ser um polvo. O que tocou as presas descreveu os chifres de uma vaca. E assim cada um defendeu como realidade aquilo que descobria. Somente a partir da soma de suas perspectivas poderiam conceber que a Verdade era maior do que as realidades que podiam perceber.

É na vastidão da Verdade que nos atrevemos a viajar, buscando transcender com palavras as amarras das realidades que cremos e criamos. Uma busca iniciática de autoconhecimento.

Irmão Lobo é o personagem mítico que encontrou nas sombras um ponteiro de Luz incitando-o a esta jornada. Guiado pelas pegadas de outros buscadores e pelas impressões do Universo Íntimo, a ele recorremos, atribuindo-lhe os textos e reflexões deste compêndio como estímulo para a busca da Verdade em nós mesmos.


Sobre a autoria:

Conta-se que, nos idos do século XIII, Francisco de Assis intercedeu em favor de um povoado que era ameaçado por um lobo faminto. Com sua fé, encontrou e acolheu o lobo hostil, que se transfigurou em seu mensageiro.

“Aos que buscam a Verdade” surge de inspirações, reflexões e canalizações que se organizaram como obra esotérica. Meditando nestas mensagens é possível adentrar aos portais da iniciação.

“Quando um homem aponta a lua, o tolo olha o homem, o sábio olha a lua”. A fim de evitar que se confunda a mensagem com o mensageiro, optamos por atribuir a autoria deste conteúdo à personalidade do Irmão Lobo, pois só a busca da Verdade pode saciar a fome do espírito. Só quando o faminto encontra alimento pode então transfigurar-se em mensageiro da obra celeste.


Onde comprar:

Amazon

Editora Viseu 


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