domingo, 22 de março de 2009


Trevas.
Até onde podia perceber tudo o que o envolvia era a mais pura escuridão de adoecer almas.
Total inconsciência.
Um fecho de luz se projetou no extremo oposto e seu coração começou a tremer de expectativas.
A parede, outrora retrato da ignorância, agora recebia um banho de luzes e sombras donde se podiam decifrar formas e distinguir imagens.
Os primeiros estampidos de som o fizeram estremecer na cadeira e já podia compreender que uma experiência inédita se formulava.
Não havia outra saída a não ser se render.
E após os primeiros trailers o que experimentou foi um banho de sensações e emoções somente proporcionado pela magia do cinema.

Muitos já fizeram a conexão entre o cinema e a psicologia. Não há como deixar de comparar a própria sala de exibição com a mente humana. O escuro misterioso donde imagens e acontecimentos vêm à tona. Onde o inconsciente é projetado na tela da consciência revelando processos e desencadeando catarses.
Psicólogo por formação, educador por natureza, ator por teimosia, escritor por necessidade e cineasta por paixão, é essa fronteira que venho desbravar.
A conexão cinema-psicologia e tudo que puder extrair dessa revelação.

Lanço-me no universo da cinematografia e espero trazer algo que seja novo também para o público em geral ou àqueles que se puderem beneficiar das armadilhas da sincronicidade.
Ou porque será que você está lendo isto afinal???
Exorcisando The Spirit



O Spirit que conheci é próprio dos anos 40. Não havia o politicamente correto e as histórias eram permeadas de inocência.

Spirit enfrentava sim seus inimigos só com os punhos e suas roupas acabavam sempre rasgadas, mas era também dotado de inteligência e jamais despejava violência gratuitamente.

Admiro Frank Miller. Venero seu Cavaleiro das Trevas, mas devo admitir que concordo com Allan Moore quando diz que só HQs ruins dão bons filmes.

Na recente versão de The Spirit, não consigo identificar onde Miller errou mais. O roteiro é fraquíssimo, subestimando a inteligència do espectador. As atitudes do personagem principal beiram o ridículo com violência em exagero, seus galanteios esnobes e a desnecessária narração.
O diretor parece fazer uma micelânia de Sin City com o Chaves do SBT.
O filme em si se arrasta num cansativo tédio, melhorando pouco no final. O que mais vale é o desfile de beldades em pouca roupa, e a participação consistente de Dan Lauria (o pai do Kevin Arnold da série “Anos Incríveis”) como chefe de polícia.
Muito do que Eisner proporcionou em sua colaboração para o mundo do cinema (todo bom cineasta já leu “Narrativas Gráficas” ou “Quadrinhos e Arte Sequencial”) fica perdido nessa pseudo homenagem, restando apenas alguns enquadramentos que lembram a visionária perspectiva do mestre.

De repente seja mais interessante a adaptação feita para TV em 1987, dirigida por Michael Schultz e estrelada por Sam J. Jones. Esta sim, parece-me preservar mais o “espírito” do personagem, entende.

Para os curiosos indico também uma adaptação brazuca, abençoada pelo próprio Will Eisner, de um dos contos de The Spirit, 'The Story of Gerhard Shnobble'. O curta metragem “Geraldo Voador” dirigido por Bruno Vianna. Vale dar uma espiada.