sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Sonhando acordado!!

Assisti A Origem (The Inception - 2010).



Para psicólogos e estudiosos da mente e do inconsciente, trata-se de um prato cheio.
O acesso às camadas do subconsciente, os atos falhos e auto-sabotagens, os sonhos lúcidos. É um filmaço.


O assunto em si não é novidade. Gosto muito de “A morte nos sonhos(Dreamscape)”, estrelado por Dennis Quaid em 1984, que aborda exatamente o sonho lúcido e o sonho compartilhado, com a presença dum assustador homem-cobra.

Podemos apreciar o tema, de maneira mais documental, em Waking Life, de Richard Linklater, um filme tão peculiar que funciona quase como uma pancada na cabeça.
Tem até um filminho bem mais bobo, dirigido por Jake Paltrow, O Sonho Comanda a Vida(The Good Night), que também trata desse topico, levianamente.

O sonho ainda é um mistério para a ciência. Falando de forma simplista, seriam imagens do inconsciente geralmente associadas a situações do nosso cotidiano que, durante o sono, povoam nossa mente.
O sonho teria uma função organizadora e fundamental para o bom funcionamento de nossos pensamentos.
Imagine uma grande biblioteca. Durante o dia, varias pessoas vêm e pesquisam os mais variados assuntos. Solicitam diversos livros. Lêem dramas, aventuras, romances. Ao final do expediente cabe a bibliotecária organizar o recinto, alocar cada volume em sua devida estante, a fim de que, no dia seguinte, as pesquisas e consultas possam voltar a ocorrer normalmente.
Até certo ponto os sonhos funcionariam como a bibliotecária do nosso cérebro. Mas movidos por forças, a priori, incontroláveis e inconscientes.
Às vezes, espontaneamente ou a partir de técnicas, podemos interferir no andamento dos sonhos e então conduzi-los de forma consciente, produzindo sensações e experiências de acordo com nossa vontade. Isso seria o sonho lúcido.

O sonho lúcido seria a porta para outros fenômenos como premunições, retrocognições, clarividências e até EFCs.
Experiências fora do corpo (OBEs – Out of Body Experiences), também conhecidas como viagens astrais ou desdobramentos, são fenômenos controversos do ponto de vista da ciência. Resumidamente, existem duas linhas de estudo. Uma aponta tudo como fenômenos da mente, alucinações visuais e tácteis que dão a impressão de flutuação, visualização do próprio corpo sobre a cama, etc. Outra linha aponta a real possibilidade de separação entre o ego,centro de discernimento do nosso ser, e o complexo corpo-mente. Ou seja, nosso “Eu” transcende nossa mente.
Existe muita coisa a se falar sobre isso. Quem tiver interesse, indico o IIPC. Mas recomendo sempre ressalvas quanto a seus métodos. Afinal, fundamentalismos geram anacronismos.

Enfim, tudo pra falar que o Christopher Nolan acertou de novo. O assunto é interessantíssimo, as cenas de violência estão na medida, a trama é super bem conduzida e todo o elenco trabalha muitíssimo bem. É o tipo de filme que faz você sair do cinema com a sensação de que cresceu um pouco durante aquelas duas horas.

E com vocês, um clipe que eu adoro:



When you close your eyes, the adventure begins!!!
Bienal Macabra

Sexta-feira 13. Agosto, o mês do cachorro louco.

Nada melhor do que encontrar entusiastas do universo vampírico e seres afins.
Estive na Bienal do Livro, contemplei uma agradável palestra com a nata da literatura das sombras no Brasil: Martha Argel, Giulia Moon e André Vianco.


De quebra,ainda consegui uns autógrafos.









O mais importante destes encontros é o efeito estimulante em novos escritores. Vários jovens relataram em suas perguntas e testemunhos a gana de escrever gerada a partir do contato com a obra dos entrevistados.

Interessante que no Caderno 2 do Estadão de 15 de agosto último figurou uma matéria assinada por Lygia Fagundes Telles descrevendo a preponderância de seu encontro com nada menos que Monteiro Lobato, quando esta ainda duvidava das próprias aptidões literárias.
Tais encontros podem ser tão instigantes quanto a benção das musas.

Mas voltando à sexta-feira das bestas, nada poderia ser mais estimulante para um aspirante a cineasta do que encontrar um dos ícones do cinema brasileiro: José Mojica Marins, o Zé do Caixão.
No evento no stund do SESC, Mojica não negou que para fazer cinema no Brasil é realmente preciso apelar para as forças sobrenaturais.



A Bienal do Livro é um evento comercial de cultura. Estruturalmente, pouca coisa muda a cada edição. Mas é na possibilidade desses encontros que reinam seus méritos.