quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Decepção em super 8

Assisti Super 8 e saí de lá sentindo-me meio que enganado.

Se você ainda não viu ao filme, pare por aqui se não terá sua surpresa estragada. Enfim...

Nas duas ultimas semanas surgiram dezenas de artigos celebrando a união de J. J. Abrams com Steven Spielberg, como um dos acontecimentos mais importantes do cinema deste ano, comparando o filme, dirigido pelo primeiro e produzido pelo segundo, a clássicos dos anos 80 como The Gooinies e ET, o ExtraTerrestre.

A campanha de marketing foi maciça e o trailer prometia.

A história básica é simples. Um garoto que recentemente perdeu sua mãe de forma trágica se envolve na produção de um filminho de zumbis dirigido por seu melhor amigo. Os garotos usam uma câmera super 8 para gravar suas cenas e acabam involuntariamente registrando um acidente de trem das forças armadas americanas, de onde escapa um ser misterioso.

Pessoas começam a sumir, acontecimentos estranhos e adivinha?? O ser era um ET confinado pelo exército que no fundo só queria voltar para casa (“ET telefone casa”).

Para dar pistas da história J.J. usa recursos já empregados na série LOST, como os filmes perdidos da Iniciativa Dharma. Há alguma tentativa de se criar o espírito de grupo como o que existe entre os garotos dos filmes Goonies e ET, mas não convence. Os personagens secundários, os outros garotos, são pouco explorados. O diretor optou por centralizar a trama no drama do garoto órfão tentando superar a perda da mãe e retomar contato com seu pai. Toda a aventura fica realmente em segundo plano e novamente surge o super 8 para nos dar alguma dimensão de sua perda, mostrando-nos cenas caseiras da mãe querida.

Outra coisa pouco explorada parece ser o universo feminino. A principal personagem feminina é a namoradinha do garoto. Super 8 talvez tente ser um filme para meninos, um clube do bolinha que começa a mudar com a chegada da puberdade. Repetindo outro filme seu, vemos o garoto empenhando em resgatar sua amada, atravessando uma cidade em estado de calamidade, quase igual a Cloverfield.

E na hora mais derradeira, quando o monstro alienígena finalmente o alcança, prestes a despedaçar todos pela frente, nosso herói faz uso da arma mais letal de todas: o olhar do gato de botas do Shrek. Aí o monstro desiste de persegui-los, termina de construir sua nave e vai embora. Mas há uma explicação para isso. Nosso monstro faz um tipo de telepatia ao toque, ou empatia,enfim, mas é capaz de entender e se comunicar ao tocar. Pena que não teve piedade das pessoas que comeu ao longo do filme. Afinal, o ET era bonzinho, o exercito americano que é malvado.

Este enfrentamento do “monstro” é a simbolização de um fenômeno psicológico interessante. O que é o monstro? Recentemente venho aprendendo que muitas vezes conteúdos psicológicos e emocionais mal trabalhados, ou até características pessoais negadas, podem se manifestar em nossa vida cotidiana de forma mórbida, monstruosa, a fim de fazer notar o que precisa ser revisto e ressignificado. Isso é nítido em filmes de vampiro e lobisomem onde a sexualidade negada ressurge na forma de lobos ou seres sugadores repletos de sensualidade. Precisamos lembrar que Bram Stoker viveu na repressora era vitoriana. Acho até que se a Bela finalmente liberasse geral não haveria tantos vampiros e lobisomens na série Crepúsculo.

Em todo filme de monstro que se preze há essa simbologia de ressignificação do mal manifestado, a partir do enfrentamento. Afinal, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Quanto mais tarde enfrentar o monstro, mais estrago ele causa. E o que é o monstro? Um parte de mim que eu neguei, geralmente devido alguma idealização imposta. Assim, a cultura americana continua idealizando seu modo de vida, apostando tudo no consumismo como fuga. E os monstros vão surgindo aos montes para nos lembrar de nossa humanidade perdida.

Acho que estamos tão carentes de produções mais profundas que acabamos superestimando filmes pequenos. Super 8 é só mais um blockbuster com quase nenhuma originalidade. Até a propaganda do walkman da sony soou estranha. Sou muito mais o IT:

Sou nostálgico e valorizo aquilo que faz sentir-me bem:

E para quem gosta de gatos:

Não vejo a hora de assistir esse!!

2 comentários:

silvia marina disse...

O filme "IT, uma obra-prima do medo", um clássico de Stephen King, é muito bom, um filme que vale a pena assistir,é um suspense danado, uma aflição, palhaços são criaturas assustadoras, este filme faz a linha do "vale a pena ver de novo", quantas vezes quiser !!

silvia marina disse...

Gonnie, Gonnie !!!
Fantástico este filme, assisti nos anos 80, tenho ele na minha prateleira e já assisti várias vezes sem enjoar e recomendo pra quem quiser !!! um filme que vale a pena ser visto por todas as gerações !!!