domingo, 22 de março de 2009

Exorcisando The Spirit



O Spirit que conheci é próprio dos anos 40. Não havia o politicamente correto e as histórias eram permeadas de inocência.

Spirit enfrentava sim seus inimigos só com os punhos e suas roupas acabavam sempre rasgadas, mas era também dotado de inteligência e jamais despejava violência gratuitamente.

Admiro Frank Miller. Venero seu Cavaleiro das Trevas, mas devo admitir que concordo com Allan Moore quando diz que só HQs ruins dão bons filmes.

Na recente versão de The Spirit, não consigo identificar onde Miller errou mais. O roteiro é fraquíssimo, subestimando a inteligència do espectador. As atitudes do personagem principal beiram o ridículo com violência em exagero, seus galanteios esnobes e a desnecessária narração.
O diretor parece fazer uma micelânia de Sin City com o Chaves do SBT.
O filme em si se arrasta num cansativo tédio, melhorando pouco no final. O que mais vale é o desfile de beldades em pouca roupa, e a participação consistente de Dan Lauria (o pai do Kevin Arnold da série “Anos Incríveis”) como chefe de polícia.
Muito do que Eisner proporcionou em sua colaboração para o mundo do cinema (todo bom cineasta já leu “Narrativas Gráficas” ou “Quadrinhos e Arte Sequencial”) fica perdido nessa pseudo homenagem, restando apenas alguns enquadramentos que lembram a visionária perspectiva do mestre.

De repente seja mais interessante a adaptação feita para TV em 1987, dirigida por Michael Schultz e estrelada por Sam J. Jones. Esta sim, parece-me preservar mais o “espírito” do personagem, entende.

Para os curiosos indico também uma adaptação brazuca, abençoada pelo próprio Will Eisner, de um dos contos de The Spirit, 'The Story of Gerhard Shnobble'. O curta metragem “Geraldo Voador” dirigido por Bruno Vianna. Vale dar uma espiada.

2 comentários:

Micael disse...

eu gostei do spirit...
deve ser uma merda pra quem acompanhava, eu nunca li mais que alguns quadrinhos... mas de um modo geral me divertiu.
mas que tristeza essa impressão que só hqs ruins dão bons filmes... não concordo. achei watchmen um bom filme, e o que dizer da graphic novel? batman begins foi muito, muito mesmo, baseado em batman: ano um.
acho que o que determina se é um bom filme é o que determina sempre: um bom roteiro, uma boa direção, uma boa produção, etc, etc... e claro, uma boa premissa, que pode vir de uma boa hq. o problema é o quesito "fidelidade". um filme e uma hq, NUNCA vão ser a mesma coisa. um bom filme que possa ser considerado uma boa adaptação (na verdade uma tradução intersemiotica) fica numa linha entre as liberdades que ele toma com relação ao material original e as que ele não toma. "dosar" essa medida, é, provavelmente, o mais difícil. e se essa dosagem está satisfatória ou não é uma questão profundamente subjetiva.
na minha opinião.

Grilo disse...

Também adorei o filme.
O problema é essa mania de achar que filme bom é filme sério...