Há alguns meses tive a oportunidade de assistir, em um único
fim de semana, toda a primeira temporada da série Westworld.
Baseada num antigo filme de mesmo nome, explora a idéia de
um parque temático num futuro não muito distante em que visitantes são imersos
numa atmosfera de velho oeste. Recepcionados por robôs que dão vida
perfeitamente a bandidos, xerifes e donzelas, tudo lhes é permitido a fim de
proporcionar uma vivência inesquecível.
Desde o primeiro episódio fui cativado por inúmeros méritos de
produção, fotografia, atuação, mas principalmente pelo enredo.
No cerne da trama o que se vai delineando é a questão ética
diante da possibilidade de os anfitriões, robôs programados para fazer as
vontades dos visitantes do parque, desenvolverem inteligência própria e algum
tipo de “humanidade”.
É a discussão sobre inteligência artificial abordada
anteriormente em vários filmes, como Blade Runner, A. I., Eu Robô e por aí
vai...
Na medida que somos capazes de criar seres inteligentes,
devemos respeitá-los e promovê-los à categoria de cidadãos do mundo?
Lembro daquele filme da sessão da tarde, “Um Robô em curtocircuito (Short Circuit 2 - 1988)” em cuja cena final o robô Johnny Five
conquista a cidadania americana.
Mas minhas observações vão mais além. Em determinada etapa
da história de Westworld, a chave para a inteligência artificial esta num
esquema triangular desenvolvido por um dos criadores, e na busca por um mapa,
um labirinto.
Memória, improvisação e interesse pessoal, seguidos no topo
pela chave de Arnold, que no meu entender remete ao labirinto.
No centro do labirinto, o próprio ser. E o reboot do sistema. Todos os caminhos o
levam a você mesmo.
Percebo, vendo a inteligência artificial como a série nos
mostra, o funcionamento da nossa própria mente e a similaridade com o processo
humano.
Quando a série Matrix estreou em 1999, popularizaram-se
discussões sobre a virtualidade de nosso universo e a idéia de que já vivemos
em uma simulação.
Do mesmo modo, na medida que somos capazes de desenvolver
inteligências artificiais, torna-se grande e evidente a chance de que isso já
tenha acontecido antes.
Imagine que num passado distante uma raça ancestral
necessitava de mão de obra boa e barata.
Imagine, apenas imagine essa possibilidade. Viaje comigo.
Somos esses autômatos, inteligências artificiais criadas
para a execução de trabalhos repetitivos. Frutos da engenharia genética de
inteligências superiores provenientes de diferentes pontos do cosmos, criados
para servir.
Quem se identificou com essa imagem já deve ter ouvido falar
de Zecharia Sitchin e sua controversa interpretação de textos sumérios deixados
em taboas de barro com escrita cuneiforme. Seriamos escravos criados pela ancestral
raça Anunnaki.
Talvez nossos próprios criadores não se tenham percebido
como instrumentos de uma força maior, criando em seus servos mais uma forma de
manifestação do mistério.
Em algum ponto se deram conta de que também abrigávamos a
individualidade e a centelha do divino de modo que a ética cósmica os obrigou a
nos deixar para prosseguir e evoluir sob a responsabilidade do livre arbítrio.
No entanto a memória dos velhos costumes permanece e nos
assombra de modo que passamos a nos diferenciar entre servos e senhores,
imitando como crianças tolas as circunstâncias de outrora.
Em verdade não há servo nem senhor. Assim que nossos
criadores nos deixaram, legaram também o destino a ser moldado por nossas
próprias escolhas.
O funcionamento da mente humana é muito similar a um
computador. Temos uma programação básica inserida pelo processo de socialização
(família, escola, mídia) e se não nos aplicarmos em ampliar nossa base de
informações tenderemos a nos repetir em improvisações pouco criativas, em
atitudes e posturas estereotipadas, esperando resultados diferentes mas
reproduzindo as mesmas estratégias. E ainda assim insistindo na postura de vítima
das circunstâncias.
Na medida em que amplio minha consciência, percebo-me além
de programações obsoletas. Não sou escravo da memória nem me constranjo em desimpregnar-me
dos hábitos de outrora.
O novo ser que se expressa, livre de determinismos, tem como
guia e parâmetro apenas a voz do coração, ressoando a voz da inteligência
cósmica.
2 comentários:
Interesantíssimas e pertinentes reflexões!
Excelente análise.
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